Ferias

Eu me lembro que quando era adolescente tinha muita preguica dos finais de semana porque eram dias em que nao se fazia nada. A gente morava, minha familia ainda mora, em um bairro longe de tudo, com nenhuma atracao cultural, uma pracinha toda cimentada e sem arvores, um parque florestal enorme ao lado de casa onde era e ainda eh muito perigoso passear. Quando crianca, passavamos os finais de semana em casa ou na rua de casa e pronto. E eu achava os finais de semana muito longos… Depois cresci e fui morar em outra cidade. Comecei a trabalhar e continuei achando os finais de semana muito longos… Achava que ficava muito a toa. Cheguei a pensar em dispensar a diarista que limpava meu apartamento uma vez por semana para ter mais atividade no final de semana. Adoro fazer uma faxina! Mas fiquei com pena dela que precisava daquele trabalho. Inventei cursos para fazer nos finais de semana e então consegui me livrar da sensação de estar “perdendo tempo” nos finais de semana. Quando me mudei para a Suíça, sem amigos, sem familia e no inverno, os finais de semana eram o meu pesadelo! Sair no frio de zero graus para passear e conhecer a cidade era, para mim, um programa de indio sem tamanho. Ficar no apartamento de um quarto olhando internet era outro programa de indio sem tamanho. Ja sem diarista, limpava o apartamento em duas horinhas e pronto: ja estava a toa novamente. Cansava de dormir e ler e rezava para a segunda feira chegar. Agora nao tenho do que reclamar. Nao tenho tempo para ficar a toa. Nem mesmo um minutinho. Trabalho, cozinho, lavo, limpo, junto brinquedos espalhados pelo chao, busco na escola, educo, dou banho, etc e tal… meus finais de semana sao tao cheios que nao sinto mais falta da segunda feira. Agora meus dias de “a toa” foram reduzidos e mudaram de endereço. Se chamam Ferias! Estou em um paraíso! Comida boa, casa linda (apesar da quantidade de pernilongos), mar com agua morna, pessoas legais etc e tal. Ainda nao estamos nem na metade das ferias e eu ja me sinto descansada e recarregada o suficiente para voltar. Gosto de estar aqui mas nao gosto da sensação de ter colocado a minha vida em “stand by”. Sim, eu sei que eh importante relaxar, dar um tempo porque no final a vida eh capaz de andar por si so. Mas eh que sou daquelas que pensa que ” todo amor eh sagrado e o fruto do trabalho eh mais que sagrado, meu amor”. Nao me refiro necessariamente a trabalho para ganhar dinheiro. Me refiro a fazer coisas úteis, a aprender, estudar, investigar, organizar-se. Comer e dormir me cansam muito! 🙂 Segue a trilha sonora que embalou este post… http://letras.com/beto-guedes/44530/

Flores e respeito ao proximo

Alguns finais de semana atrás, saímos de casa com a intenção de colher morangos. Eh que o Pimpolho adora morango e eu tinha visto uma placa, aqui mesmo em Basel, indicando um terreno onde era possível colher os morangos e depois pagar pela quantidade colhida. Pois bem, lá fomos nos… e chegando la, vimos que a colheita de morangos já tinha acabado. Uma pena… Mas para não morrermos na praia, ou melhor, no campo, lembramos que no ultimo inverno tínhamos visto uma campo de flores onde era possível colher flores tipo self-service. Obviamente não tem flores no inverno e então guardamos o pensamento de voltarmos ali na primavera/verão. E foi o que fizemos e vou contar para vocês como funciona.

Trata-se de um campo, do tamanho de um quarteirão mais ou menos, onde vc pode colher vários tipos de flores. Era um sábado e então não tinha ninguém trabalhando lá no horário que fomos. Logo na entrada você se depara com o placar escrito o preço de cada tipo de flor. Tem uma casinha com chinelos de vários tamanhos para quem não quiser sujar os sapatos. Tem também varias faquinhas penduradas e eh com elas que as pessoas colhem as flores. Tem uma lata de lixo onde cada um pode limpar suas flores e organizar seus arranjos e assim deixar o lugar limpo. E tem os cofrinhos onde as pessoas deixam o dinheiro para pagar as flores que colher. E por ultimo os campos de flores.

Não, não tem ninguém te vigiando e calculando se o valor que vc esta pagando corresponde realmente as flores que colheu. Mas eu duvido que alguém não o faca corretamente. Não, não eh perigoso deixar facas penduras e ao alcance de qualquer um, inclusive das crianças. Alias, outro dia estava pensando sobre a proibição das chamadas “armas brancas” no Rio de Janeiro. Seria impossível fazer com que os suíços não andassem com seus famosos canivetes. Eu também ando com um canivete na bolsa. Não, não eh porque tenho medo de ser assaltada ou porque assalto as pessoas. Eh só para descascar a maçã do Pimpolho… 🙂

Gostamos muito deste passeio porque ensinamos ao Pimpolho como colher flores, alias ele as escolheu. Também o ensinamos que deveríamos pagar por elas porque alguém foi ali e as plantou com todo carinho para que pudéssemos colher e levar para casa. Ensinamos a ele a  ter cuidado com a faquinha. E claro, ele adorou colocar o dinheiro no cofrinho. 🙂

Para quem mora em Basel, isto tudo aconteceu no Bruderholtz. Fica a dica! 😉

Algumas fotos:

IMG_6292Placar com informação sobre os preços.

IMG_6290Na entrada, barraca com chinelos de varios tamanhos.

IMG_6293Cofrinho onde se paga as flores colhidas.

IMG_6297Campos de flores.

IMG_6304Nossa colheita. Flores escolhidas pelo Pimpolho.

Mc Donald X Pato Donald

Estavamos eu e Marido conversando enquanto o Pimpolho brincava aparentemente alheio aos nossos assuntos.

A conversa era sobre manifestacoes de rua em que vimos  pessoas agressivamente criticando quem gostasse de comer no Mc Donald e demais fast foods. Ficamos meio sem entender toda aquela agressividade. Nao por gostarmos do Mc Donald e outros fast foods mas por acharmos desnecessario argumentos agressivos como aqueles. Enfim, no final da conversa, eu, ja cansada, solto esta exclamacao:

“- Ai gente, que preguica. Deixa quem quiser comer no Mc Donald em paz…”

E o Pimpolho, na sua fase “repete-tudo” e sem nunca nem mesmo ter sentido o cheiro do Mc Donald, para de brincar por um minuto, vira pra gente com cara de quem perdeu a paciencia e solta:

” – Ai gente, deixa o Pato Donald em paz!”

Rimos bicas!